Quem sou eu

Eu me chamo Lara Ferreira Rocha e tenho 25 anos. Sou dentista, paciente oncológica, e moro em Fortaleza. Tenho muita história pra contar...
Em agosto de 2008, fui diagnosticada com câncer no abdômen. Meu tipo é raro, um tumor desmoplásico. Como ele, eu sou rara também. Sou animada com a vida, tenho fé em Deus, sou engraçada, sorridente, feliz, simpática e tantas vezes ingênua.
Conto, aqui, algumas de minhas novidades, além de escrever o que penso, o que vejo, o que sinto.

Eu penso muito no amor, com certeza.
Espalhe todo bom sentimento por onde andar, ame você também!



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Catéter e a quimioterapia

Meninos e meninas, algum de vocês também faz tratamento oncológico e não se manifestou ainda?
Hoje eu completei 45 dias sem heparinizar o meu catéter. Quando lembrei que fazia mais de um mês sem quimioterapia e resolvi fazer as contas, quase tenho um treco! Já pensou se esse sangue coagula?
A gente acaba se preocupando sem necessidade, mas é que não se pode contar sempre que tudo vai dar certo, né? Eu, pelo menos, até acredito e quero acreditar, mas tem hora que eu não tenho certeza de nada. Aí, que eu posso fazer?

De toda forma, acho que todo mundo sabe o que é o catéter, já que a ministra Dilma Roussef colocou um para fazer as quimioterapias dela. Nem todo mundo que precisa de quimio coloca o catéter, mas, no meu caso, era a única alternativa, uma vez que os fármacos a serem injetados iriam dissecar minhas queridas veias, e se, por acaso, a agulha perfurasse a veia e a droga extravasasse, iria necrosar o que encontrasse pela frente.
O catéter é inserido em uma cirurgia rápida e muito tranquila. Foi a melhor cirurgia pela qual passei, não senti dor nem foi desagradável, e o anestésico fez o maior efeito da vida, fiquei doidinha.
Existem inúmeros tipos de catéteres para a quimioterapia, e eu tenho a impressão que o meu é infantil e de silicone.

Isso que o procedimento para acessar o port-a-cath, como o catéter é chamado, precisa de todo um cuidado. O local da incisão necessita de uma limpeza prévia, além de ser usado um tecido estéril para isolar a área, e as luvas devem ser estéreis também: é uma verdadeira cirurgia. Encontrei um vídeo que mostra como o acesso é feito, foi o único onde os processos foram quase totalmente realizados da maneira como deve ser feita, tendo em vista a questão da higiene, que é importantíssima. (Vou ver se gravo, da próxima vez, a maneira como é feita em mim.)
Sério, se uma bactéria conseguir escapar do ambiente para o catéter, você perde facinho, facinho. A veia tá ligada ao coração, né, gente? Não pode fingir que é um procedimento simples.

Bem, mas eu estou falando isso porque sou temerosa quanto ao uso catéter. É um filho. Qualquer coisinha, qualquer peso ou batida que ele leva, eu já fico perturbada imaginando o que pode acontecer. Não chega a incomodar suficientemente a ponto de aborrecer, mas incomoda. Principalmente quando se tem a noção de que todo cuidado é pouco.
Um dia desses eu bati o notebook nele e quase enlouqueço -- discretamente. Mas eu percebi que as enfermeiras, antes de acessá-lo, procuram palpar digitalmente o local onde ele está inserido, e botam força mesmo. Dói.
Dói e você não se preocupa, porque aquele procedimento é necessário... Mas dói igual quando alguém bate nele. Talvez não precisemos -- eu não precise -- me desesperar tanto, hein?

E hoje o novo protocolo de quimioterapia começou. Foi-me avisado que eu poderia ir ao Beach Park todo dia, logo após a quimioterapia, se assim desejasse. Ei, mas sem condições! Eu até nem estou preguiçosa, sonhando com minha cama, mas as minhas pernas parecem que foram moídas.
Tô sentindo como se tivesse passado o dia andando de salto, sabe? Imagine se eu resolvesse ir à praia a semana inteira!
Parabéns se alguém conseguir!

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